terça-feira, 16 de março de 2010

Lidando com a injustiça

Pensar em um mundo caótico e não considerar a questão da injustiça é quase impossível. Mas e quando essa injustiça se refere a Deus? Seria Deus injusto por permitir que o mal abata a "bons" e "ruins"?

Em algum momento da vida nos defrontamos com o sofrimento, com a dor, com a tragédia. E nesses momentos, olhar para Deus como um pai amoroso e cuidadoso fica mais difícil. E que resposta dar aos que, decepcionados, buscam uma resposta que lhes possa aliviar a carga da alma? Seria então a resposta da "louca" mulher de Jó: "Amaldiçoa a Deus e morre", a mais adequada?Penso que não. Definitivamente NÃO!
Negar a Deus e concordar com a possibilidade de ele consentir com a injustiça, ou mesmo não ter PODER suficiente para interferir nas quesões que nos aflingem, seria reafirmar o que um rabino chamado Kushner concluiu: "até mesmo Deus encontra dificuldades para manter o caos sobre controle". Mas não penso estar aí a resposta para a indagação que introduz este texto.
Negar a potência de Deus é mais uma das respostas que se busca para entender a injustiça do mundo. No entanto, pensar nessa questão suscita uma série de outras...
Só nos resta concordar com Jó. A vida é injusta! Só que podemos encará-la sob outra perspectiva. Mas qual seria? Ninguém está isento da tragédia, nem o próprio Deus. Lembrem-se que Jesus não ofereceu nenhuma imunidade ao sofrimento.
Guarde no coração as palavras de um homem que diante do infortúnio percebeu que ainda que a vida seja injusta, Deus não é.

"Se desenvolvermos um relacionamento com Deus independente das circunstâncias de nossa vida, então seremos capazes de ficar firmes quando a realidade física se desmoronar. Podemos aprender a confiar em Deus apesar de toda a injustiça da vida." (Douglas)

quinta-feira, 11 de março de 2010

Sobre as águias e os relacionamentos...


Após ler A águia e a galinha: uma metáfora da condição humana, de Leonardo Boff , comecei a questionar uma série de reducionismos.
E em meio aos questionamentos, um me fez refletir mais demoradamente: a que temos reduzido os nossos relacionamentos? E alguns podem questionar: mas o que a águia tem a ver com os relacionamentos?
Eu respondo usando os dados colhidos por Boff sobre o comportamento das águias: Um casal de águias entretém uma relação de fidelidade por toda a vida. Eles caçam, montam o ninho, incubam os ovos, buscam o alimento para os filhotes juntos. Há uma relação de mutualidade, interdependência. Ambos dividem tarefas e compartilham a vida.
Outro dado extremamente interessante é que o casal de águias não se acasala apenas objetivando a procriação, a multiplicação da espécie ou nos momentos do cio, em certos períodos do ano. Tal qual o ser humano, o casal copula com frequência e em qualquer época do ano, como expressão de companheirismo amoroso, como afirma Boff.
O espetáculo do encontro se dá no ar, num entrelaçar de garras e num vôo que só termina quando embevecidos pela paixão, se deixam cair para então iniciar outros vôos e abraços de garras na imensidão do céu. Só depois se acasalam. Ah, não posso deixar de informar-lhes que só a morte separa o casal.
É o que se diz sobre as águias. Mas, e sobre nossos relacionamentos? Reciprocidade, fidelidade, divisão de tarefas, de sonhos, de objetivos, de vida... Penso que as águias tem muito a nos ensinar. Então, eu lhes convido à reflexão. Pensemos na águia como protótipo do relacionamento e nos deixemos voar na imensidão do céu, a fim de encontrarmos, no abraço de garras, um entrelaçar de vidas, na queda embevecida ao chão, impulso para outro vôo, e outros vôos que se repitam durante toda a vida numa fidelidade e companheirismo amoroso tal qual o fazem as águias, porque é melhor voar a dois.



Melhor é serem dois do que um... Pois se caírem, um levantará o seu companheiro... Também, se dois dormirem juntos, eles se aquecerão. (Eclesiastes 4:9-11)

“Eu conheço a imensidão do céu, pássaro que sou, mergulharei de vez... Duzentos por hora, ou algo mais, na velocidade de encontrar você, te merecer, voar, sem ter aonde chegar. E de lá do céu, formaremos dois em um só (...).
Sigo meu instinto animal, cruzo mil fronteiras garimpando amor, semeador... De tanto voar achei você! Melhor é voar a dois. Amanheceu, é hora de voar”. (Mikael Mutti)